Myke Chambers teve uma infância difícil e saiu de casa com uma mochila nas costas aos 15 anos, para escapar da prisão, após cometer um assalto com outros colegas. Ele já havia tido problemas com a bebida e as drogas e, naquele momento, não se importava com nada e passou a pegar carona em trens, viajando pelos Estados Unidos com seu irmão mais novo, Steve. Chegando a Nova Orleans em 1994, ele teve contato com a tatuagem e começou seu aprendizado, mas ainda lutava contra o vício e continuava a perambular pelo país. Em novembro de 1996, o prédio abandonado onde Steve dormia pegou fogo e, muito bêbado para se salvar, o irmão de Chambers acabou morrendo. O acidente levou Myke a uma existência quase suicida, uma vez perdido um de seus únicos laços com o mundo, o amado irmão. Eventualmente, ele acabou preso pelo assalto cometido no passado, servindo quatro anos numa prisão no Texas.
De certa forma, a prisão lhe possibilitou focar na tatuagem sem que as drogas atrapalhassem. Lá, Chambers tatuava os companheiros com uma máquina artesanal, com agulhas e bobinas feitas a mão, ligadas a um rádio-relógio que fornecia a eletricidade necessária. Infelizmente, depois de solto, o vício falou mais alto e ele voltou a viver como um junkie até que, finalmente, em setembro de 2005, decidiu parar e entrar para a reabilitação. Ele diz que, após sair da internação, teve de reaprender a tatuar, porque havia se acostumado a fazê-lo apenas sob efeito de drogas! Sóbrio há mais de sete anos, Myke não se dedica apenas à arte, mas também a dividir sua história, dando palestras em prisões e instituições de reabilitação.
Seu estilo de tatuagem é bastante nostálgico, uma releitura do tradicional estilo chamado americana (sim, o nome do estilo é usado só no feminino). Segundo o próprio tatuador, no início de sua carreira ele se focava no realismo até que, em Hollywood, um de seus amigos começou a estudar desenhos tradicionais e as imagens logo chamaram a atenção de Myke que, pela aparente simplicidade das tatuagens, achou que seria um estilo fácil de aprender – mas ele mesmo logo admite que estava enganado. Manter-se na linha do old school, para o artista, é também um jeito de homenagear os precursores da tatuagem, os ícones americanos responsáveis por fundar e difundir a tatuagem moderna da forma como a conhecemos.
Atualmente, Myke pode ser encontrado em convenções pelo mundo ou no estúdioArt Machine Productions, na Philadelphia.
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