No outono de 1982, usando uma câmera Polaroid de tamanho grande, já bem rara na época, a fotógrafa americana Sandi Fellman fotografou corpos de homens e mulheres inteiramente cobertos pela irezumi, a tradicional tatuagem japonesa.
Visitando as cidades de Tokyo e Osaka, Fellman adentrou no submundo dessas pessoas, enfrentando grandes dificuldades para convencê-los a posar para as lentes de uma norte americana. Mas o esforço valeu a pena. Tratando as peles como obras de arte, Fellman reuniu 46 imagens coloridas no livro The Japanese Tattoo, lançado pela primeira vez em 1986 e com diversas tiragens já esgotadas – uma edição em capa dura de 1987 chega a custar 186 dólares. Apesar de trazer textos da própria Fellman, com contribuições do autor M. D. Thomas, não se trata de um livro sobre história da tatuagem japonesa – ele traz apenas algumas curiosidades e fatos pontuais –, mas de um livro artístico tão bem sucedido que já está em sua décima reimpressão.
O registro de um fenômeno cultural tão antigo e que os ocidentais apenas conhecem à distância revela a dedicação dos artistas e de suas “telas” à tradição, ainda que esta tenha se modificado com o passar do tempo – e que os desenhos japoneses tenham se tornado tão populares para a tatuagem moderna. As obras de arte apresentadas no livro foram inspiradas na mitologia japonesa, no teatrokabuki, entre tantas outras simbologias da rica cultura oriental.
Esse livro é considerado único pela sua apreensão de detalhes e cores, tendo se tornado uma referência para artistas ocidentais – a ponto de ser raro o indivíduo que não viu ao menos uma dessas fotografias reproduzidas! As chapas de 20 por 24 polegadas (50,8 x 60,9 cm) fizeram parte da exibição Body Art, que aconteceu no Museu Americano de História Natural em maio de 2000.
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